Tecnologia e Classe de 05/12/24

“Brain rot” é eleito termo do ano pela Oxford e reflete uso “trivial” da internet: o termo, que pode ser traduzido como “degradação mental”, destaca preocupações relacionadas à rolagem infinita nas redes sociais e ao consumo de conteúdos pouco relevantes ou desafiadores. Casper Grathwohl, presidente da Oxford Languages, afirma ser “fascinante” observar como o termo foi adotado pelas gerações Z e Alpha, que, em grande parte, produzem e consomem esse tipo de material. As informações são do site The Guardian.

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OpenAI estaria considerando introduzir anúncios em seus produtos: Sarah Friar, diretora financeira, ressalta que a empresa será “cuidadosa” ao decidir quando e onde implementar essa abordagem, a qual também apresenta desvantagens, incluindo uma possível mudança no foco da companhia — deixar de atender usuários para agradar anunciantes. As principais fontes de receita da OpenAI são o acesso à sua API e a venda de assinaturas individuais e empresariais do ChatGPT. As informações são do site Financial Times.

10% dos desenvolvedores de software não fazem nada?

https://www.instagram.com/p/DDBaH-iNiRf/

Falha no ChatGPT impede que ele escreva nomes específicos: o modelo encerra a conversa ao se deparar com termos como “Brian Hood”, “Jonathan Zittrain” e “Jonathan Turley”. A empresa já corrigiu o problema para um deles — “David Mayer” — esclarecendo que sua ferramenta sinalizou erroneamente o texto, impedindo que ele fosse exibido na saída. Usuários suspeitam que o bloqueio ocorre devido a impasses com acusações falsas sobre esses nomes. Uma lista completa deles, com mais detalhes sobre cada um, pode ser conferida no TabNews.

https://www.tabnews.com.br/NewsletterOficial/falha-no-chatgpt-impede-que-modelo-escreva-nomes-especificos

https://www.instagram.com/p/DDLZkCTtoBQ/

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Gabriel, que Gabriel?

Aquele que cria a distopia do George Orwell

https://www.intercept.com.br/2023/04/24/startup-de-seguranca-gabriel-cria-rede-de-informacoes-clandestinas-pelo-whatsapp-com-a-policia-do-rio/

  • Segundo a matéria: a Gabriel é uma multimilionária startup que vende câmeras de vigilância integradas para casas, condomínios e empresas. Fundada em 2020 no Rio de Janeiro com o objetivo de "acabar com o crime". Em 2021 conseguiram 66 milhões de investimento da Softbank
  • Segundo o site deles:

Somos a Gabriel

Empresa brasileira de tecnologia que trabalha dia e noite para garantir a sua segurança em qualquer lugar.

Nossa missão é tornar ruas, bairros e cidades lugares transparentes e inteligentes.

  • Chama a atenção que o lema deles no instagram é "Ande pelas ruas sem medo"

  • “O serviço é capaz de disponibilizar às autoridades, mediante ofício, informações sobre dinâmicas criminais completas, com o antes, durante e o depois de uma ocorrência”

  • Porém o artigo abre com esse relato:

O aviso veio à noite, no canal #geralzão do Slack corporativo. “Boa noite. Poucas horas atrás fomos acionados pela PM a fim de confirmar se dois criminosos haviam adotado determinada rota”, dizia a mensagem. “A não confirmação da rota serviu de auxílio para identificarem a rota certa. Eis o resultado!”. A mensagem era acompanhada de uma foto de dois homens, rendidos, sentados no chão. Seus rostos estão descobertos e, por isso, dá para ver que olham de maneira submissa para a câmera. Antes mesmo de serem apresentados em uma delegacia do Rio de Janeiro, a foto já rodava entre os funcionários da Gabriel. 

  • O modelo de negócios da empresa é a cobertura de grandes áreas de bairros, criando bolsões de vigilância privados com uso das imagens integradas. Quanto mais câmeras instaladas, maior a área de cobertura, uma estratégia de negócios que instiga vizinhos a aderirem

    • A câmera se chama 'camaleão'
  • As imagens não ficam apenas disponíveis a quem contrata, mas também vão para uma central integrada da empresa

  • Na prática o que o Intercept mostra na matéria é que a empresa atropela as diretrizes internas que diz seguir o fluxo de informação é intenso e não transparente.

  • Por exemplo, a empresa admite que tem um grupo de WhatsApp com as autoridades, a pedido delas.

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  • Segundo um ex-funcionário ouvido no sigilo pelo Intercept, o esquema se parece mais como uma rede constante de informações indo para as polícias ao invés de um trâmite em que há uma requisição de uma informação.

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A polícia, diz, pode alegar que pediu ajuda a civis para encontrar o paradeiro dos suspeitos em meio à perseguição. O problema, ressalta, é que a informalidade da parceria não permite uma fiscalização do modo como as comunicações são feitas e como as informações são cedidas. “O que era pra montar um policiamento vira investigação. Não se pode fazer isso”, afirma a especialista.

É essa informalidade que faz com que a foto de um preso circule livremente entre os funcionários da empresa instantes após sua detenção. Em sua política de privacidade, a Gabriel afirma seguir “os mais elevados padrões de segurança internacionais e nacionais”, incluindo a Lei Geral de Proteção de Dados, a LGPD, e o Marco Civil da Internet.

Para Pablo Nunes, doutor em ciência política e coordenador adjunto do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania, imagens como a obtida pelo Intercept desmontam a ideia de que a empresa é responsável com os dados obtidos. “É até curioso que a Gabriel diga que tem preocupação com a LGPD, mas você tem um print de dois homens negros que foram detidos, de maneira vexatória, inclusive, no Slack da empresa”, ele diz. 

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Para ele, o que a Gabriel oferece, no fim, é um contato privilegiado com as forças de segurança que não existiria se a empresa realmente só compartilhasse informações por vias oficiais. “Eles se veem exatamente como essa ponte, como a rede social, o canal de comunicação e veiculação desses anseios de uma parcela ínfima da população que quer, naquele momento, que o seu problema de segurança pública seja resolvido. É quase que a Gabriel oferecendo ‘olha, eu consigo fazer com que a Polícia Militar resolva o seu problema mais rápido, me contrate’”.

  • Durante a apuração da matéria a empresa anunciou a plataforma 'Gabriel para Autoridades'
    • Os grupos de WhatsApp seguem ativos, a Gabriel afirma – agora, com a “finalidade cidadã de alerta às autoridades de possíveis ocorrências criminais relatadas por usuários e transeuntes, bem como para a coleta de feedbacks referentes ao funcionamento da plataforma Gabriel para Autoridades”.
  • Isso é a total privatização da 'segurança pública'
  • União sinistra entre o setor privado e da polícia civil e militar, que inclusive não deveria investigar nada pois sua função é ostensiva.
  • Vocês conseguem imaginar o que pode dar errado aqui? Como isso pode alimentar a corrupção da polícia e a lógica miliciana que já existe na corporação?

“Sempre quando a gente pensa em afrouxar os controles burocráticos da segurança pública para conseguir que nossos anseios sejam respondidos de maneira mais rápida, é importante lembrar que, fora dessas regulações, nós estamos dando para os policiais da ponta um poder sem nenhum limite”, ele diz. “É bom que se lembre que quando a gente perde esses controles, quando a gente não produz esses registros, quando o próprio policial decide, o nós estamos dizendo que o policial pode, a despeito da sociedade, escolher o que fazer. E, ao escolher o que fazer, ele pode, por exemplo, colocar um preço para que a minha demanda suba nas prioridades”.

Entrevista com Ydara do UNIDAD